Plataforma de Apoio aos Refugiados critica "incompetência" dos países da UE
A Comissão Executiva da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) emitiu um comunicado para lamentar a "evidência mais recente de incapacidade de executar o programa de recolocação de 160 mil refugiados", aprovado em setembro Conselho Europeu. Acrescenta que tal situação " dá bem a medida da incompetência e falta de vontade política dos Estados-membros e das instâncias europeias em cumprir as suas próprias decisões. Desta forma, o problema agrava-se, todos os dias, um pouco mais."
As críticas vão, também, para as autoridades portuguesas, por continuarem "incompreensivelmente, à espera que esse programa se inicie, depois de adiamentos sucessivos e apesar de estarem reunidas condições de acolhimento suficientes".
A Comissão Executiva da PAR, tal como já afirmou ao DN André Costa Jorge, diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados que detém o Secretariado Técnico da Plataforma, entende que Portugal deve tomar "as medidas necessárias para desbloquear urgentemente esta situação, nomeadamente acionando mecanismos alternativos de cooperação bilateral com outros Estados-membros, para os apoiar na recolocação de refugiados presentes em seu território".
Deve afirmar-se nas "suas convicções humanistas", "defendendo não só o acolhimento e integração de refugiados no seu seio, bem como o apoio aos países que estão em maiores dificuldades, como é o caso da Grécia ou do Líbano".
Mas o principal objetivo do comunicado foi tornar pública uma posição sobre os atentados terroristas recentes e que ocorreram desde Paris a Beirute, de Istambul a Bamako, do Monte Sinai a Kano. Sublinhar que "os refugiados, nomeadamente sírios, que buscam proteção na Europa são as maiores vítimas duma guerra que dura há mais de quatro anos e que destruiu tudo o que tinham. Culpá-los dos atentados recentes e fechar-lhes a porta do acolhimento entre nós é voltar a vitimizá-los. É fazer pagar a vítima pelos crimes do agressor".
"Esta internacionalização do terror permite-nos compreender melhor, na nossa pele, o que têm passado centenas de milhares de pessoas, oriundas da Síria, que fogem à violência de um quotidiano brutalmente devastador. Começamos a perceber diretamente o que é viver debaixo do efeito desta violência e deveríamos ser mais solidários com os que a sofrem há mais tempo e com consequências trágicas", diz o comunicado.